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Mostrando postagens de 2011

Aura linda

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De todas as pessoas com quem trabalhei em 2011, a que mais me ensinou foi Lindaura de Jesus Santos, agente de limpeza da Multiserv. Não foram poucas as vezes em que saí da sala com a cara emburrada, cabeça quente mesmo, e fui desarmado pelo sorriso da Lindaura. Ela não é especialista, não tem mestrado ou doutorado. Deve ter tantos problemas quanto eu ou mais. Ainda assim, nunca perde a doçura e o otimismo. Se não for pedir muito, gostaria de conhecer e trabalhar com outras Lindauras em 2012.

Retrato do antiartista quando coisa

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  “Alvinho!”, gritou Paulo Lobo. Depois foi Dirceu de Marília. Daí veio Edson e pronto. Lá estava eu, cercado de “Alvinhos” por todos os lados. Alguns ditos por velhos parceiros de farra; outros, mais despretensiosos, ganhavam eco na voz daquela gente desconhecida, que nas altas da madrugada não faz cerimônia e se aconchega na fronha da amigueira boemia. Enfim, havia chegado a hora da minha canja e eu não podia dizer não. O bar estava vazio, é verdade, mas para um sujeito de timidez acentuada e autocrítica sem limites, qualquer banquinho de boteco vira o palco do Tobias Barreto – em noite de casa cheia. Primeiro vem o frio na barriga; o gelo nas mãos. Levanto sem graça, pego o violão, bebo um gole. Bebo outro. Mais alguns goles; mais algumas doses. E a coisa só piora. A canja começa e os primeiros acordes são trêmulos. A voz também vacila, reluta, desafina. E eu fico mais nervoso. Tem ainda aquele momento em que a memória se esvai. Dá branco na execução das notas e letras. Risinho ama

É Noite

Fernando Pessoa É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância Brilha a luz duma janela. Vejo-a, e sinto-me humano dos pés à cabeça. É curioso que toda a vida do indivíduo que ali mora, e que não sei quem é, Atrai-me só por essa luz vista de longe. Sem dúvida que a vida dele é real e ele tem cara, gestos, família e profissão. Mas agora só me importa a luz da janela dele. Apesar de a luz estar ali por ele a ter acendido, A luz é a realidade imediata para mim. Eu nunca passo para além da realidade imediata. Para além da realidade imediata não há nada. Se eu, de onde estou, só veio aquela luz, Em relação à distância onde estou há só aquela luz. O homem e a família dele são reais do lado de lá da janela. Eu estou do lado de cá, a uma grande distância. A luz apagou-se. Que me importa que o homem continue a existir?

O doce gosto da amarga crítica

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Fazer uma boa crítica não é para qualquer um. O crítico por excelência tem de ser um exímio alquimista das palavras, capaz de dosar, com precisão cirúrgica, a cor e o cheiro, a essência e peso que toda palavra tem. A boa crítica não pode ser apenas persistente - precisa ser infalível, por mais que, nela, os escritos ganhem sabores muitas vezes indigestos ao gosto de quem a carapuça se acomode melhor. Alguém sempre sairá ferido, pelo menos, no ego. E no universo do futebol brasileiro não é diferente. Uma análise crítica bem fundamentada, obrigatoriamente provoca azedume ao paladar da cartolagem e adoça a boca e a alma do torcedor que, mesmo maltratado durante décadas de mandos, desmandos e incompetência, ainda sonha em ver a valorização do seu clube e, claro, do esporte. É justamente por este torcedor sofrido que o crítico tem a obrigação de desembainhar as palavras que forem necessárias. Nobres, quando para enaltecer o labor; chulas, quando para desmascarar ações igualmente chulas,

Desespero tricolor

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Tudo bem que o Jahia não ganha nada há mais de uma década. Mas tentativa de suicídio já é demais. Se esse povo todo morre, eu vou sacanear quem?

Declaração de amor a Aracaju

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Texto: Cleomar Brandi Imagens: Augusto Baiano e Miro Ribeiro Narração: Evenilson Santana Edição de imagem: Álvaro Müller e Leno Kravitz Edição de texto: Álvaro Müller

Suruba de incompetentes

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Narciso se despede do Sergipe (Foto: Ascom/Sergipe) Narciso veio ao Sergipe para dar uma rapidinha e se mandou. Chegou ao final de fevereiro com o seguinte discurso: "Sem ter a mesma estrutura, estou adorando esse trabalho. Tenho contrato até o fim do campeonato, no dia 10 de junho, mas há possibilidade de ser estendido". Menos de um mês depois, deixou o alvirrubro dizendo que 'esperou muito' para que a situação do clube melhorasse. É no mínimo estranho que o mesmo homem que venceu a leucemia e transformou-se em exemplo de perseverança e superação no esporte tenha desistido do Sergipe tão rápido e fácil. Ou a passagem do Narciso pelo Vermelhinho esconde negociações espúrias, descumprimento de palavra, ou ele simplesmente aproveitou a primeira deixa - no caso, a falta de frutas e de um jantar para os jogadores -, para juntar as tralhas e correr em busca de um emprego melhor. Mas a quem Narciso quis enganar com essa estória de falta de estrutura? A torcida? A impren

Cajus quebram os dentes

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Foto: http://www.sintese.org.br/ A Prefeitura de Aracaju comprou a ideia do artista plástico Fábio Sampaio e colocou 11 grandes esculturas, réplicas de caju, em pontos turísticos da capital que tem nome vindo do tupi ‘ará acaiú’ – ou seja, ‘cajueiro dos papagaios’. O projeto cultural ganhou o nome de Caju na Rua e também valoriza a arte sergipana. Cada fruto gigante tem o traço específico de um artista, dos retalhos de Hortência Barreto às charges do Edidelson. Bacana, não é? Mas há quem ache defeito. Hoje de manhã um cidadão enviou mensagem para um programa de rádio, querendo saber se os artistas plásticos do Caju na Rua “já viram caju azul?”. A asneira, provavelmente encarada pelo ouvinte como crítica inteligente e recheada de ironia, foi lida na íntegra pelo apresentador, que depois ainda abriu espaço, caso algum artista ou responsável pelo projeto quisesse se pronunciar. Ninguém perdeu tempo, é claro. Eu, por tabela, aproveitei a deixa para sintonizar outra estação. Vou dizer um

Canuto e o cachorro brabo

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Pense num guri brabo!

Miniusina de Divina Pastora vira modelo nacional

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Agência Espacial Brasileira vai reproduzir tecnologia para o desenvolvimento sustentável da população de Alcântara, no Maranhão Representantes da AEB e do ITP visitam miniusina Fotos: Marcelo Freitas   Álvaro Müller Especial para o Jornal da Cidade Joel de Santana dedicou a vida inteira ao plantio da cana-de-açúcar. Na lida diária com a terra, fincou raízes familiares no município de Divina Pastora, a 39 quilômetros da capital sergipana, Aracaju. Hoje, aos 61 anos, assentado e dono de 25 tarefas, o vetusto agricultor não hesita na hora de explicar como sempre conseguiu dar de comer aos cinco filhos – quatro ainda morando com ele. “Criei cortando cana na terra dos outros, foi um tempo perdido. De uns 15 anos para cá, consegui comprar um pedacinho de terreno e já estou aposentado também, aí melhorou um pouco. Se eu tivesse essa terrinha antes, seria outro homem hoje, mas estou satisfeito. Aos pouquinhos a gente vai conquistando as coisas. Já vieram comprar minhas tarefas, mas

EXCLUSIVO: vídeo revela o que levou Kurt Cobain ao suicídio

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VOCÊ É HETERO?

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Um repórter resolveu fazer a seguinte enquete na Paraíba: você é heterossexual? Olha só a confusão que deu...

De ensinador a mestre-aprendiz

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Filósofo e sociólogo Pedro Demo diz que avanço das universidades depende de um novo perfil do professor              Pedro Demo: "Quem não é autor, não tem aula para ministrar" Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep -, vinculado ao Ministério da Educação, são mais do que sintomáticos: a investigação científica ainda é uma prática insipiente no Brasil. Dos quase 321.500 professores do ensino superior, apenas 24% dos que trabalham em universidades possuem doutorado. Nas faculdades, este número cai para 9,24%. Na contramão das estatísticas, o filósofo e teólogo catarinense Pedro Demo, educador brasileiro de renome internacional, defende a importância do educar pela pesquisa, da academia enquanto centro de produção de um conhecimento cada vez mais mutável, discutível, passível de reconstrução, que garanta o aprendizado de alunos e mestres. "A universidade não pode limitar-se apenas a trabalhar o conhecimento disponível, cod

Exorcismo no Confiança

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O primeiro passo para o Confiança reencontrar o caminho das conquistas em 2011 é exorcizar seu fantasma mais atormentador: a campanha de 2008. Esse discursozinho borra-botas do 'quase' é digno dos fracos. Deve ser sepultado, definitivamente esquecido. Não custa lembrar, as possibilidades de vitória existem para qualquer um que trabalhe com seriedade, coisa que o Dragão não fez na tal campanha, ainda hoje venerada por dirigentes e parte da torcida proletária. Tudo bem, a equipe de 2008 quase chegou à Serie B do Brasileirão. Ao final da Serie C, a diferença entre o Confiança e o quarto colocado, Duque de Caxias, era de um mísero ponto. Mas a frieza da estatística não exprime a forma humilhante como o Dragão do Bairro Industrial caiu em desgraça, desceu do céu ao inferno em tão poucos jogos. Na fase decisiva da Serie C de 2008, o Confiança chegou até a liderar, mas desmereceu o apoio maciço da torcida proletária; priorizou a indisciplina, as panelinhas; cavou a própria cova; pedi