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Mostrando postagens de julho, 2010

O governador tuiteiro

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Sábio o governador Marcelo Déda. Candidato à reeleição em Sergipe, aproveita o período de campanha para marcar presença forte no twitter. Astuto que só ele, pouco fala sobre política e muito menos se indispõe com oposicionistas. Ao contrário do que faz a maioria dos parlamentares ou postulantes, Déda aproveita a mais badalada ferramenta das redes sociais para expressar sentimentos, sensações, desejos comuns aos cidadãos mais simples. Aproxima-se ainda mais de eleitores de carteirinha e cativa novos eleitores. “Ontem resolvi matar a saudade da pipoca de S. Dias durante a procissão. Fui com tanto gosto que quebrei o dente e tô rindo de banda...Rsrsrs”; “À tarde irei pedir socorro ao Dr. Déda, meu primo e dentista dos bons! O problema é que ele me sacaneia e fica testando meu medo do motor...”; “Bom vou, almoçar. O pessoal aqui de casa tá reclamando que eu tiro o horário do almoço pra tuitar e a comida esfria! Até logo!”. Este é o tom das mensagens de Marcelo Déda, ou melhor, de @Marc

Opressão da pedagogia

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Educadores infantis são desvalorizados dentro e fora das escolas particulares de Sergipe “Qual é a sensação de se sentir tão desvalorizada?”. A pedagoga ouve atentamente à pergunta; ergue ligeiramente um olhar confuso e distante de quem busca a explicação menos dolorosa; embaraça e desembaraça os dedos das mãos, no afã de acomodar o desgosto. E desabafa. “É desconfortável demais, principalmente porque sei que sou uma boa profissional. Se não o fosse, não estaria na mesma empresa há tanto tempo”. A pedagoga não é da rede pública. Ao contrário, trabalha há cerca de dez anos em uma das mais conceituadas e caras escolas particulares da capital. É professora da educação infantil e dedica oito horas diárias da sua vida a ensinar crianças com idades entre 1 ano e 8 meses e 5 anos. Por tudo isso, recebe um salário-base indigno para qualquer profissão, sobretudo a de educador, formadora de todas as outras: quinhentos e poucos reais, equivalentes – que ironia – à mensalidade de um só aluno.

Nem todo soco no Santa Maria é violência

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Foto: Portal Infonet A comunidade do bairro Santa Maria, um dos mais violentos de Aracaju, ganhou através do esporte a oportunidade de enxergar-se de uma forma bem diferente da que costuma esquentar os noticiários policiais. É do Santa Maria a atleta sergipana de maior expressão na atualidade. Aos 17 anos, a pugilista Mirele Cruz, campeã nacional na categoria até 46 quilos e representante de Sergipe na Seleção Brasileira de Boxe, é mais do que uma vencedora. É o exemplo de que a violência pode ser lapidada para o bem, transformada em dignidade e perspectiva de futuro profissional. Basta que as oportunidades sejam criadas. Mirele tinha tudo para engordar as estatísticas do desemprego ou mesmo da Secretaria de Segurança Pública. Tinha tudo para ser mais um ser humano algemado e de olhar voltado para o chão, exposto nas páginas policiais. Filha de um ex-presidiário e uma alcoolista, conviveu com a violência desde cedo, dentro de casa. Pediu esmolas, passou oito anos da sua infância em

Naquela mesa tá faltando eles

O Treze da Paraíba é hoje o líder do Campeonato do Nordeste com 19 pontos. O Confiança, na nona colocação, tem 10. Parece mentira, mas apesar de distantes na tabela, as duas equipes marcaram o mesmo número de gols: 16. O que distancia o Galo da Borborema do Dragão do Bairro Industrial é o saldo de gols contra. O Treze sofreu 11; o Confiança, 18. O time proletário tem a segunda defesa mais vazada da competição, superando apenas o Sergipe, que já teve a rede balançada 19 vezes e “coincidentemente” está na última posição. Cálculo simples, raciocínio elementar. Por mais que o sistema ofensivo do Confiança faça a sua parte, por mais que o centroavante Cristiano Alagoano permaneça na artilharia do Nordestão, a defesa azulina joga qualquer pretensão da equipe pelo ralo. E se é assim numa competição em que times como Sport e Vitória não estão dando muita importância, também pode ser na Série D do Brasileirão. Mas a matemática da diretoria e do treinador do Confiança é meio diferente. Diante

Todo brasileiro tem um quê de argentino

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Brasileiro é engraçado. Quase sempre vota errado, avaliza a bandalheira política, têm seus direitos essenciais violentados e sorri. Faz piada da sua situação de otário e não se incomoda em repetir o erro na eleição seguinte. Brinca com coisa séria, mas quando perde no futebol se enfeza, vira bicho. A bem da verdade, o brasileiro, que tanto repudia a soberba argentina, alimenta em si uma empáfia velada. Definitivamente, não sabe perder, sobretudo na Copa do Mundo. Toda eliminação do Brasil em Copa é a mesma coisa. A caça às bruxas começa antes mesmo de o jogo terminar, já durante as transmissões. Isso porque o brasileiro ainda não aprendeu que o esporte é feito de vitórias e derrotas, e que há sempre um adversário. Se vence, o mérito é seu; se perde, a culpa é sua. Como se estivesse sozinho em campo. Não quero aqui fazer um discurso pró-Dunga. Nada disso. Acredito que o técnico carrancudo se despede da Seleção com alguns erros e muitos acertos. O Dunga poderia ter levado um elenco melho