Naquela mesa tá faltando eles

O Treze da Paraíba é hoje o líder do Campeonato do Nordeste com 19 pontos. O Confiança, na nona colocação, tem 10. Parece mentira, mas apesar de distantes na tabela, as duas equipes marcaram o mesmo número de gols: 16. O que distancia o Galo da Borborema do Dragão do Bairro Industrial é o saldo de gols contra. O Treze sofreu 11; o Confiança, 18. O time proletário tem a segunda defesa mais vazada da competição, superando apenas o Sergipe, que já teve a rede balançada 19 vezes e “coincidentemente” está na última posição.
Cálculo simples, raciocínio elementar. Por mais que o sistema ofensivo do Confiança faça a sua parte, por mais que o centroavante Cristiano Alagoano permaneça na artilharia do Nordestão, a defesa azulina joga qualquer pretensão da equipe pelo ralo. E se é assim numa competição em que times como Sport e Vitória não estão dando muita importância, também pode ser na Série D do Brasileirão.
Mas a matemática da diretoria e do treinador do Confiança é meio diferente. Diante do vergonhoso saldo de gols sofridos, Milton Dantas, Maurício Simões e companhia resolveram tomar uma atitude: contrataram quem? O Da Silva, que é atacante. Ou seja, reforçaram o setor que já está dando certo e empurraram o abacaxi da defesa com a barriga.
Renovação? Nem nem pensar. Da Silva é um velho conhecido da torcida proletária. Fez boa temporada com a camisa azulina em 2008, no Campeonato Sergipano e na Série C do Brasileiro. O problema é que assinou contrato com o Sergipe para 2009, recebeu dinheiro adiantado e depois, talvez por arrependimento, acabou assinando também com o Dragão. Virou atleta dos dois maiores rivais do futebol sergipano ao mesmo tempo, um fenômeno.
A peleja entre Sergipe e Confiaça pelo passe de Da Silva foi resolvida após muito disse-me-disse. O time do Bairro Industrial resolveu devolver o dinheiro que o Mais Querido tinha antecipado ao jogador, mas Da Silva não repetiu as mesmas atuações em 2009. Se dizendo ameaçado pela torcida do Dragão, o atacante deixou o clube.
Em 2010, Da Silva volta a subir na barca do capitão Simões, mesmo que o grande problema do Confiança esteja no setor defensivo. O atacante não deixa de ser um bom jogador, mas sua contratação, além de imprópria para o momento – tendo em vista a fragilidade da zaga azulina –, cria um medo: o de que o treinador queira remontar o time que deu ao torcedor proletário uma das suas maiores decepções – a ascensão e queda na Série C do Brasileiro, em 2008. É como se o Maurício Simões estivesse na concentração, observando os jogadores em uma mesa, olhando para Valdson e Da Silva, pensando em Juninho Petrolina, Alemão, Wilson Surubim, e cantando com seus botões: “Naquela mesa tá faltando eles, e a saudade deles tá doendo em mim”.

Comentários

Anderson Ribeiro disse…
Não duvido nada disso, Alvinho. Se os dirigentes não dão importância a suas equipes, por que um atleta, com o currículo de desonesto, tem a perder?
marcos cabidelli disse…
E olha que sou amigo dele heim! mas trazer Mauricio Simões, de novo, já mostrava que nada mudou de 2008 pra cá... O Da Silva é só continuidade dessa mesmisse proletária. O resultado ta aí... times sergipanos sofrendo numa sub-competição... é amigo... por mais que a gente torça, e olha que tenho acompanhado mesmo de longe viu! não dá mesmo... abs irmão.

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