Suruba de incompetentes

Narciso se despede do Sergipe (Foto: Ascom/Sergipe)

Narciso veio ao Sergipe para dar uma rapidinha e se mandou. Chegou ao final de fevereiro com o seguinte discurso: "Sem ter a mesma estrutura, estou adorando esse trabalho. Tenho contrato até o fim do campeonato, no dia 10 de junho, mas há possibilidade de ser estendido". Menos de um mês depois, deixou o alvirrubro dizendo que 'esperou muito' para que a situação do clube melhorasse.

É no mínimo estranho que o mesmo homem que venceu a leucemia e transformou-se em exemplo de perseverança e superação no esporte tenha desistido do Sergipe tão rápido e fácil. Ou a passagem do Narciso pelo Vermelhinho esconde negociações espúrias, descumprimento de palavra, ou ele simplesmente aproveitou a primeira deixa - no caso, a falta de frutas e de um jantar para os jogadores -, para juntar as tralhas e correr em busca de um emprego melhor.
Mas a quem Narciso quis enganar com essa estória de falta de estrutura? A torcida? A imprensa? A si próprio? Talvez tenha sido reconfortante para ele alegar que esperou 'longos' 20 dias por mudanças num clube afundado em dívidas que, segundo a diretoria, somam mais de R$ 600 mil. Talvez. Mas o que Narciso não tem o direito é de tentar nos fazer acreditar que ele desconhecia a realidade que iria enfrentar no Estádio João Hora.

Está publicada no blog do jornalista Adel Ribeiro (www.adelribeiro.blogspot.com) a justificativa do ex-técnico do Sergipe para exigir mudanças em tão pouco tempo: "O futebol é dinâmico, não dá para ficar esperando". Ora, o que Narciso entende como 'dinâmico' eu entendo como volúvel e aposto que tenho razão, até porque não há nada de 'dinâmico' em deixar um clube precisando desesperadamente da vitória e às vésperas de um clássico contra o seu maior rival.

Certo mesmo é que, no frigir dos ovos, a rapidinha do Narciso com o Sergipe nada mais é que o retrato da falta de planejamento, também entendida como 'dinâmica' pela cartolagem local. Assim como o ex-santista, tantos outros treinadores já entraram e saíram, entraram e saíram, insistentemente, nessa suruba da incompetência que é o futebol sergipano. Narciso chega, Narciso vai embora. Fulano chega, fulano vai embora. Ciclano chega, ciclano vai embora. E o torcedor, infeliz, é quem fica só assistindo a orgia e sem sentir o mínimo prazer.

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