Ali, naquele bar...
Torcedor que é torcedor já nasce xingando
Foi a última vez em que assisti o jogo do meu Vitória naquele boteco de beira de pista. Nada contra botecos, é claro. Sou dos que preferem uma branquinha em cacete armado e de sandália havaiana, a um uísque em restaurante esmerado, com uma gravata a me achacar a goela. O problema, sim, era com aquele boteco, especificamente. Aquele antro da desorganização, cujas grades enjaulam torcedores de toda raça com animais: flamenguistas filhotes da Rede Globo, vascaínos, palmeirenses, corintianos, rubros, tricolores, rubro-negros, azulinos e alvi-verdes de quase toda ordem, engaiolados e confinados para comer carne de quinta no espeto e acompanhar, em um barulho ensurdecedor e na longa espera pela cerveja, a partida do seu time do coração.
Digo torcedores de quase toda ordem com a propriedade de quem não se afeiçoa ao show dos ‘paraíbas’ que cantam, gritam, xingam, riem e choram pelos times do Sul e Sudeste. Vou ser mais claro: faltam ali, naquele bar, torcedores genuinamente sergipanos, que valorizem sua terra sob qualquer aspecto, inclusive o futebol. Um impedimento escandaloso contra a sergipanidade, flagrado pelo ‘tira-teima’ do muro daquele bar. Pintado de tudo quanto é escudo do restante do país – inclusive o do meu Vitória, com muito orgulho –, o muro não apresenta os brasões do Sergipe e do Confiança. Ali, naquele bar, os dois maiores clubes do Estado, justamente eles, ganham insígnias em tamanho reduzido e tímida paragem, em rodapé de balcão.
E se o imbróglio de tanta gente espremida, tantas TVs, tantos jogos e gritos em um só lugar já estava mais do que insuportável, o último jogo do Vitória acabou como uma sessão de horror e censura. Para mim, a última sessão. Isso por que o proprietário do estabelecimento, tal qual Bento XVI, resolveu transformar o xingamento dos torcedores no mais novo pecado capital. Pois é. Ali, naquele bar, torcedor não pode xingar. Tudo, segundo o dono do boteco, pela manutenção do moral e dos bons costumes. Pela preservação das famílias.
Logo ele, o mesmo microempresário que na última Copa do Mundo montou uma estrutura pífia e, em crasso exemplo de desrespeito à vida humana, derrubou um telhado inteiro na cabeça de tantas famílias, agora usa até microfone para exigir respeito, para castrar a manifestação mais genuína do torcedor brasileiro?
Pobre microempresário de visão micro. Teve a infelicidade de pegar o microfone e, diante de um singelo “EU, EU, EU, CAIU NA TOCA SE FUDEU”, bradar aos torcedores do Vitória que fossem “esculhambar com sua mulher e sua mãe lá na Bahia”. Pobre microempresário de visão micro. Fez com que torcedores de quase toda ordem parassem pra assistir, atônitos, à confusão que se instaurou justamente ali, naquele bar.
Clientes antigos se envergonhavam e comentavam entre si. “O pior é que ele está errado!”. “Toda mulher que vem aqui sabe o que vai ouvir. Isso é futebol”, disse um deles, acompanhado de três filhos adolescentes. Um outro aproveitou para reclamar. “No jogo do Flamengo ele mandou eu, meu pai e meu sogro sentar porque a gente tava dançando o créu”. Eu sei é que entre garçons pedindo calma e torcedores armando garrafas pra meter na fuça do coitado do microempresário de visão micro – afinal ninguém quer pagar dez reais de consumação pra ter sua mulher e mãe ofendidas –, foi-se embora a tarde que prometia ser de diversão e futebol.
Pobre microempresário de visão micro. Como pedir respeito a uma casa que nem ele mesmo respeita ao superlotar e colocar seus clientes em total desconforto por conta de um punhado a mais de consumações? Como querer vender bebida alcoólica e depois, no fervor das comemorações, tacar uma mordaça no pobre torcedor? PUTA QUE PARIU! Ali, naquele bar, eu não volto mais! E até sugiro que, em lugar de um boteco temático sobre futebol, este microempresário de visão micro abra uma igreja. Assim os garçons dão lugar aos pastores, ninguém solta palavrão e, de repente, a renda acaba até mais gorda ao final do mês. Deixo a sugestão.
Digo torcedores de quase toda ordem com a propriedade de quem não se afeiçoa ao show dos ‘paraíbas’ que cantam, gritam, xingam, riem e choram pelos times do Sul e Sudeste. Vou ser mais claro: faltam ali, naquele bar, torcedores genuinamente sergipanos, que valorizem sua terra sob qualquer aspecto, inclusive o futebol. Um impedimento escandaloso contra a sergipanidade, flagrado pelo ‘tira-teima’ do muro daquele bar. Pintado de tudo quanto é escudo do restante do país – inclusive o do meu Vitória, com muito orgulho –, o muro não apresenta os brasões do Sergipe e do Confiança. Ali, naquele bar, os dois maiores clubes do Estado, justamente eles, ganham insígnias em tamanho reduzido e tímida paragem, em rodapé de balcão.
E se o imbróglio de tanta gente espremida, tantas TVs, tantos jogos e gritos em um só lugar já estava mais do que insuportável, o último jogo do Vitória acabou como uma sessão de horror e censura. Para mim, a última sessão. Isso por que o proprietário do estabelecimento, tal qual Bento XVI, resolveu transformar o xingamento dos torcedores no mais novo pecado capital. Pois é. Ali, naquele bar, torcedor não pode xingar. Tudo, segundo o dono do boteco, pela manutenção do moral e dos bons costumes. Pela preservação das famílias.
Logo ele, o mesmo microempresário que na última Copa do Mundo montou uma estrutura pífia e, em crasso exemplo de desrespeito à vida humana, derrubou um telhado inteiro na cabeça de tantas famílias, agora usa até microfone para exigir respeito, para castrar a manifestação mais genuína do torcedor brasileiro?
Pobre microempresário de visão micro. Teve a infelicidade de pegar o microfone e, diante de um singelo “EU, EU, EU, CAIU NA TOCA SE FUDEU”, bradar aos torcedores do Vitória que fossem “esculhambar com sua mulher e sua mãe lá na Bahia”. Pobre microempresário de visão micro. Fez com que torcedores de quase toda ordem parassem pra assistir, atônitos, à confusão que se instaurou justamente ali, naquele bar.
Clientes antigos se envergonhavam e comentavam entre si. “O pior é que ele está errado!”. “Toda mulher que vem aqui sabe o que vai ouvir. Isso é futebol”, disse um deles, acompanhado de três filhos adolescentes. Um outro aproveitou para reclamar. “No jogo do Flamengo ele mandou eu, meu pai e meu sogro sentar porque a gente tava dançando o créu”. Eu sei é que entre garçons pedindo calma e torcedores armando garrafas pra meter na fuça do coitado do microempresário de visão micro – afinal ninguém quer pagar dez reais de consumação pra ter sua mulher e mãe ofendidas –, foi-se embora a tarde que prometia ser de diversão e futebol.
Pobre microempresário de visão micro. Como pedir respeito a uma casa que nem ele mesmo respeita ao superlotar e colocar seus clientes em total desconforto por conta de um punhado a mais de consumações? Como querer vender bebida alcoólica e depois, no fervor das comemorações, tacar uma mordaça no pobre torcedor? PUTA QUE PARIU! Ali, naquele bar, eu não volto mais! E até sugiro que, em lugar de um boteco temático sobre futebol, este microempresário de visão micro abra uma igreja. Assim os garçons dão lugar aos pastores, ninguém solta palavrão e, de repente, a renda acaba até mais gorda ao final do mês. Deixo a sugestão.
Comentários
Talvez seja de bom alvitre ele abrir um restaurante daqueles 'metito a besta', onde todo mundo fala baixinho, usa da etiqueta e tem pavor de um escandalo. Agora achar que Futebol se torce sem palavrões é de uma ingenuidade descomunal.
Não sei se pelo despeito em ver o VITÓRIA subir na tabela da 1ª divisão ou não sei o quê.
Pela primeira vez me sentir coagido em entoar cânticos do meu Leão. Mas que nem você, não pretendo voltar lá tão cedo. Por isso estou de volta ao meu habitat - Barradão - e xingarei por vocês.
abraço
Guto
rsrsrs
¬¬
me faça uma garapa.
Flamengo animalzão pois o próprio mascote é um urubu.
De péssimo gosto, mas é um animal. Assim como o falecido bahia, já enterrado e em estado de decomposição.
Broca Vitória!!!