Massa reduz e a hipocrisia avança

Uma mensagem por rádio, uma reduzida e pronto. O piloto brasileiro Felipe Massa, nossa maior representação na Fórmula 1, virou vilão, frouxo etc. etc. etc. Na terra dos campeões Fittipaldi, Senna e Piquet, Massa desceu de esperança a vergonha nacional. Caiu em desgraça. A Ferrari, então, ganhou a insígnia da antiética, da antidesportividade. Pura hipocrisia.


A Fórmula 1 há muito, mas muito tempo deixou de ser uma disputa entre pilotos. Virou peleja entre equipes, entre engenheiros. Diferentemente do futebol, esporte demasiadamente humano em que a decisão de uma partida ou campeonato está exclusivamente nos pés dos melhores atletas, na Fórmula 1 geralmente é o carro quem decide. Mérito para quem trabalha nos bastidores. Na pista, quem conduz a máquina é refém dela.


Todo mundo sabe disso, inclusive os fãs da Fórmula 1. A mensagem recebida por Felipe Massa escancara uma situação cotidiana de um esporte milionário, que gera um oceano de dólares, euros investidos e que exigem retorno. Nada mais lógico, portanto, que cada equipe trace estratégias para vencer o campeonato e convencer os patrocinadores. A reduzida de Felipe Massa para a passagem de Alonso é exatamente uma estratégia de equipe. A Ferrari quer o título e para isso precisa apostar no piloto melhor pontuado. E quem não gostar, não pague ingresso ou mude o canal da TV.


Em momentos decisivos, uma equipe de basquete que precisa de pontos para vencer trabalha para o melhor arremessador; um time de vôlei faz a jogada para o atleta de melhor rendimento soltar o braço e definir. E o que faz os hipócritas acreditarem que uma equipe de Fórmula 1 vai perder a chance de vencer um campeonato para dar uma vitória ao segundo piloto?


É claro que há um quê de humano nisso aí. É preciso ter talento e competência para ser o primeiro piloto de uma Ferrari. Ainda assim, insisto, é o carro quem decide. A Williams-Cosworth começou a melhorar o carro e hoje o Rubinho Barrichello, quem diria, consegue ultrapassar Michael Schumacher e sua Mercedes. E por falar em Schumacher, depois de sete títulos mundiais o maior campeão de todos os tempos amarga a modesta nona posição no campeonato de 2010. Esta é a "justa" Fórmula 1, um esporte em que as equipes vencem e os pilotos são quase que coadjuvantes. Não gostou, hipócrita? Repito: procure outro esporte ou mude o canal da TV!

Comentários

Rodrigo Coimbra disse…
A Ferrarei vai pagar pelos seus preciosismos...
Anônimo disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
O pior é quererem ser tão ufanistas com a Fórmula 1 quanto já são com o futebol...tsc, tsc!
Anderson Ribeiro disse…
Alô? sai da frente que atras vem gente. hahahahahaha
Lucas Peixoto disse…
Eu acho que F1 nunca foi nem esporte. É deprimente o 'esporte' perder o que tem de melhor: a competição verdadeira.
Eduardo Muller disse…
Alvinho,

Concordo com a maioria dos seus comentários. Você comentou o lado da equipe. O jogo de estratégia para que equipe vença. Seri, pra ela, pensar pequeno em apenas uma vitoria do segundo piloto. Nas corridas de hoje, o carro vence, o engenheiro é o dono do resultado, mas o esporte é o esporte; que segundo Aurelio é o "conjunto dos exercícios físicos praticados com método, individualmente ou em equipes; desporte, desporto: Tem a paixão do esporte."

Está ai o nome. PAIXÃO. O cara que fica aos domingos na frente da TV para assistir ao esporte apaixonante, muitas vezes vê o esporte "raivante". Agora imaga nosso maior piloto. E o lado do Massa? O esportista. O cra que busca vencer, ter títulos? Se por ventura a tão famosa máquina é o "carro-chefe" para designar o vencedor, porque a máquina do Alonso não ultrapasou a máquina Massa por pura e simples competência? Por que precisou a máquina massa reduzir sua potência em prol da máquina velocista do Alonso?

Massa foi pequeno, e até menor que o próprio Barrichelo, que disse ao mundo inteiro o que a Ferrari queria só deixando o alemão passar nos últimos 50 metros. Barrichelo foi mais macho.

Será que Massa não pensa no que representa como nação? Será que ele não deve lembrar das corridas ferrenhas entre Senna e Prost. Por que não lembrar de Vettel e Webber? Button e Hamilton? Ambas as equipes brigaram de maneira "justa" para ver quem seria o melhor.

Sinceramente, naquele infausto domingo, o túmulo de Senna tremeu novamente.

Pra mim, o esportista Massa passou a ser um perdedor. Se autodepreciou e vai precisar ralar muito pra ter minha confiança como torcedor brasileiro. Aposto que não sou a excessão. Há vários com o mesmo sentimento. Aposto que, caso fosse o inverso, o Alonso pleitearia seu posto de vencedor. Aposto que dari mil justificativas e não o deixaria passar. O cara ainda estava matematicamente possibilitado de alcançar o título. Seria provável? Não sei. Mais Raikonen, acredito que em 2007, levou a taça na ultima corrida, sendo que o inglês Hamilton tinha ampla vantagem nas pontuações. Mudando de esporte, o Fluminense ano passado, segundo Oswaldo de Sousa, tinha 99,99% de probabilidade de ser rebaixado. Lutou e com méritos não caiu.

Assim como afirmou que "há um quê de humano", concordo plenamente. Penso humanamente. E acho que Mass deveria pensar também!!

Foi pelo longo e improvisado texto. Afinal não sou jornalista. (risos)

Abraços e procuremos outro a torcer. Quem sabe o novo Senna mude isso!!

Seu irmão, Eduardinho!

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