De ensinador a mestre-aprendiz
Filósofo e sociólogo Pedro Demo diz que avanço das universidades depende de um novo perfil do professor
Pedro Demo: "Quem não é autor, não tem aula para ministrar"
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep -, vinculado ao Ministério da Educação, são mais do que sintomáticos: a investigação científica ainda é uma prática insipiente no Brasil. Dos quase 321.500 professores do ensino superior, apenas 24% dos que trabalham em universidades possuem doutorado. Nas faculdades, este número cai para 9,24%. Na contramão das estatísticas, o filósofo e teólogo catarinense Pedro Demo, educador brasileiro de renome internacional, defende a importância do educar pela pesquisa, da academia enquanto centro de produção de um conhecimento cada vez mais mutável, discutível, passível de reconstrução, que garanta o aprendizado de alunos e mestres.
"A universidade não pode limitar-se apenas a trabalhar o conhecimento disponível, codificado, que está nas enciclopédias, nos livros. Todos os grandes princípios da física, da matemática estão sendo agredidos. Autores concebem que mais de 90% do que conhecemos hoje vai cair, já começou pela física quântica e não podemos ficar parados traduzindo velharias. A academia precisa incentivar a pesquisa, cuidar de um processo de produção de conhecimento que seja ao mesmo tempo formativo", analisa Demo.
Doutor em Sociologia pela Universidade de Saarbruker (Alemanha), pós-doutor pela UCLA (Los Angeles - EUA) e autor de mais de 40 livros, Pedro Demo afirma que as IES brasileiras 'ainda não chegaram ao Século XXI' e a mudança no perfil do educador é fundamental para que transformações ocorram nessas instituições. "Hoje, o grande plágio na universidade não é dos alunos. É do professor que dá aulas copiadas. Ele tem que ser capaz de produzir e de fazer o aluno produzir conhecimentos, organizando este processo. Quem não é autor, não tem aula para ministrar e professor para repassar apostila não faz mais sentido. A sociedade precisa de conhecimento e se a universidade não pesquisa, não é necessária. Para repassar conhecimentos outros, basta a internet", sentencia.
Demo critica o 'confinamento' em sala de aula e exige inquietude do educador no sentido sempre renovar o aprendizado. "A gente espera que ele vá a outros lugares aprender novamente, se reconstruir. Da janela da universidade não se vê bem a sociedade. É uma janela estreita e antiquada, então, é muito importante enxergar de perto, olhar as coisas como elas realmente acontecem. Assim o professor é instigado a resolver problemas, mas o que vemos, por exemplo, é a dedicação exclusiva nas universidades federais. Um educador que fica 35 horas na mesma salinha, fazendo a mesma coisa, está mais para múmia do que para pesquisador", ironiza.
Pedro Demo também faz uma análise diante do avanço da educação a distância no Brasil. De acordo com o Inep, em 2002 o País registrou 49.911 matrículas EAD; em 2008, este número já era de 727.961. Partindo da premissa de que o professor é um eterno 'mestre-aprendiz' e o conhecimento inacabado e inacabável, o sociólogo coloca o equilíbrio entre virtual e presencial como desafio no ensino superior. "É muito importante que o aluno aprenda em ambientes virtuais. Se ele depois vai trabalhar com computador, não tem sentido que isto seja uma coisa secundária na universidade. Quem aprende não é a máquina, é o estudante ou o professor. Não há nenhuma chance de substituir o educador, mas tecnologia hoje não é só meio, é alfabetização. Quem não a domina é um analfabeto do século XXI".
A má utilização do universo virtual é outra grande preocupação de Demo, principalmente quando o assunto é a internet. "O Wikipédia, por exemplo, tem um lado formidável, mas muitos textos são inaceitáveis. Como também é feito na base do entusiasmo, muitos dos que escrevem, gostam de futilidades. É mais fácil encontrar um belo texto sobre Schwarzenegger do que sobre Sócrates. O mundo da internet é o mundo da superficialidade, prova disso é o twitter, com 140 toques somente. Será este o texto do futuro?", provoca.
"A universidade não pode limitar-se apenas a trabalhar o conhecimento disponível, codificado, que está nas enciclopédias, nos livros. Todos os grandes princípios da física, da matemática estão sendo agredidos. Autores concebem que mais de 90% do que conhecemos hoje vai cair, já começou pela física quântica e não podemos ficar parados traduzindo velharias. A academia precisa incentivar a pesquisa, cuidar de um processo de produção de conhecimento que seja ao mesmo tempo formativo", analisa Demo.
Doutor em Sociologia pela Universidade de Saarbruker (Alemanha), pós-doutor pela UCLA (Los Angeles - EUA) e autor de mais de 40 livros, Pedro Demo afirma que as IES brasileiras 'ainda não chegaram ao Século XXI' e a mudança no perfil do educador é fundamental para que transformações ocorram nessas instituições. "Hoje, o grande plágio na universidade não é dos alunos. É do professor que dá aulas copiadas. Ele tem que ser capaz de produzir e de fazer o aluno produzir conhecimentos, organizando este processo. Quem não é autor, não tem aula para ministrar e professor para repassar apostila não faz mais sentido. A sociedade precisa de conhecimento e se a universidade não pesquisa, não é necessária. Para repassar conhecimentos outros, basta a internet", sentencia.
Demo critica o 'confinamento' em sala de aula e exige inquietude do educador no sentido sempre renovar o aprendizado. "A gente espera que ele vá a outros lugares aprender novamente, se reconstruir. Da janela da universidade não se vê bem a sociedade. É uma janela estreita e antiquada, então, é muito importante enxergar de perto, olhar as coisas como elas realmente acontecem. Assim o professor é instigado a resolver problemas, mas o que vemos, por exemplo, é a dedicação exclusiva nas universidades federais. Um educador que fica 35 horas na mesma salinha, fazendo a mesma coisa, está mais para múmia do que para pesquisador", ironiza.
Pedro Demo também faz uma análise diante do avanço da educação a distância no Brasil. De acordo com o Inep, em 2002 o País registrou 49.911 matrículas EAD; em 2008, este número já era de 727.961. Partindo da premissa de que o professor é um eterno 'mestre-aprendiz' e o conhecimento inacabado e inacabável, o sociólogo coloca o equilíbrio entre virtual e presencial como desafio no ensino superior. "É muito importante que o aluno aprenda em ambientes virtuais. Se ele depois vai trabalhar com computador, não tem sentido que isto seja uma coisa secundária na universidade. Quem aprende não é a máquina, é o estudante ou o professor. Não há nenhuma chance de substituir o educador, mas tecnologia hoje não é só meio, é alfabetização. Quem não a domina é um analfabeto do século XXI".
A má utilização do universo virtual é outra grande preocupação de Demo, principalmente quando o assunto é a internet. "O Wikipédia, por exemplo, tem um lado formidável, mas muitos textos são inaceitáveis. Como também é feito na base do entusiasmo, muitos dos que escrevem, gostam de futilidades. É mais fácil encontrar um belo texto sobre Schwarzenegger do que sobre Sócrates. O mundo da internet é o mundo da superficialidade, prova disso é o twitter, com 140 toques somente. Será este o texto do futuro?", provoca.
Comentários
Desse jeito o Brasil vai mal mesmo...