Não à violência institucionalizada
A decisão do Juízo da 12ª Vara Cível da Comarca de Aracaju, que bane torcidas organizadas dos estádios Lourival Baptista, na capital, e Presidente Médici, em Itabaiana, pode até não ser uma liminar capaz de extinguir, por si, a criminalidade no futebol sergipano. Mas é passo firme no processo de lavagem moral das arquibancadas, tiro certeiro contra a absurda institucionalização da violência.
Todo integrante de torcida organizada é violento? É criminoso? Não, não é. Mas todas as guerras, tiros, facadas, pedradas, arrastões, mortes de jovens, lágrimas e dores de familiares escoram-se na rivalidade de tribos inconseqüentes e ostentam as insígnias dessas facções. A violência se fortaleceu, se caracterizou, se profissionalizou, e isso é o mais grave.
Ao longo dos anos, no entorno das quatro linhas que guardam o espetáculo da bola, surgiu um espetáculo às avessas, de horror. Com nome e endereço. Tripudiador a ponto de enfiar um belo de um nariz de palhaço à fuça da própria Justiça. “Fulano matou cicrano por rixa de bairro”, “Beltrano comprou a camisa da torcida, mas não era integrante, não temos como controlar”... Falácia! Ainda que diretores de organizadas jurem não incitar a violência, os escudos das instituições que administram foram transformados, quer queiram ou não, em marcas registradas da brutalidade irracional. Por mais que se diga que não, está lá, nas estatísticas e nos vídeos da polícia.
Daí a importância da proibição de grupos organizados e seus adereços nos estádios, ainda que seja lamentável ter de se chegar a este ponto. Lamentável diante do verdadeiro espetáculo que essas torcidas poderiam propocionar. Mas vidas estão em jogo. Após longa batalha do Ministério Público Estadual – e que não pára e nem deve parar por aqui – a Justiça parece ter cansado de assistir, passiva, à violência oficial, que se maquia toscamente, displicentemente, para sustentar um discurso fajuto de inocência. A Justiça, enfim, parece ter se exaurido daquela cegueira com um quê de fingimento. Bateu firme, no âmago da questão. Pegou de prima, na veia, meteu na gaveta.
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