Retrato do antiartista quando coisa
“Alvinho!”, gritou Paulo Lobo. Depois foi Dirceu de Marília. Daí veio Edson e pronto. Lá estava eu, cercado de “Alvinhos” por todos os lados. Alguns ditos por velhos parceiros de farra; outros, mais despretensiosos, ganhavam eco na voz daquela gente desconhecida, que nas altas da madrugada não faz cerimônia e se aconchega na fronha da amigueira boemia. Enfim, havia chegado a hora da minha canja e eu não podia dizer não. O bar estava vazio, é verdade, mas para um sujeito de timidez acentuada e autocrítica sem limites, qualquer banquinho de boteco vira o palco do Tobias Barreto – em noite de casa cheia. Primeiro vem o frio na barriga; o gelo nas mãos. Levanto sem graça, pego o violão, bebo um gole. Bebo outro. Mais alguns goles; mais algumas doses. E a coisa só piora. A canja começa e os primeiros acordes são trêmulos. A voz também vacila, reluta, desafina. E eu fico mais nervoso. Tem ainda aquele momento em que a memória se esvai. Dá branco na execução das notas e letras. Risinho...