Henfil por todos os buracos, mas quem disse que adianta?
Colaboração de Anderson Ribeiro
Um dia a humanidade se salva, quero crer. Como se salvaram a obra e o apelo político dos cartuns de Henfil e a preservação de sua memória através dos tempos idos. Aí você deve estar se perguntando: por que tanta exaltação? Ora, explico: para alguns colegas jornalistas, o irmão do Betinho está tão vivo quanto a eterna esperança de dias melhores e justiça social do povo brasileiro, percebidos também nos traços do Henfil. A nobre repórter de TV sergipana levou a máxima ‘está vivo’ tão a sério, que esperou para uma exclusiva com o cartunista sobre sua exposição na Biblioteca Pública Epiphânio Dória, em Aracaju.
Ué, Como assim? Não entendi! Calma, o Circuito Henfil aportou pela terra dos cajus e a ínclita colega foi fazer a cobertura do evento. O problema é que o artista a deixou de molho. Uma falta de respeito mesmo do Henfil não conceder uma entrevistazinha a TV. Êpa! Ninguém sabe ainda quem é, quase digo. Apesar dos protestos da espírita-jornalista ele não deu as caras. Mas quem disse que ela se satisfez? Ligou pra redação e relatou a desfeita. Quem ele pensa que é? O rei da França? (não poupou nem os que já viraram pó e personagem da história).
A simpática produtora e o curador foram tentar acalmar a pobre jornalista, que insistia dizer que não podia voltar à TV sem a matéria; estava na pauta e não podia cair. Mas nada, pensava eu, poderia cair tanto. Nem o militar deposto por golpe nem a dignidade humana que faz malabarismo nos sinais.
Porém, o que não queria crer era que o inferno da ignorância galopante, arrasadora, fria, cruel e dilacerante, cortava o chão, criando valas, abrindo um abismo profundo diante da jornalista a cada tentativa de explicação aos pacientes profissionais.
Seu desespero era tão grande que começou a juntar um monte de curiosos para tentar entender o porquê de tanto furdunço. Parecia uma louca, dando escândalo, gesticulando com os braços como quem rege uma orquestra, a cabeça balançando pra ver se o juízo retomava seu lugar de origem e achando que tava num comercial de xampu (tem cabelo bom a tal jornalista), mas de tanto exagero, já estava descabelada, suada, com a maquiagem borrada e implorando um copo d’água porque o calor estava de rachar e ela não tinha mais fôlego para sua encenação.
Djenal (dos UQP), que foi visitar a exposição, assistiu a cena e ligou para um cantor que ele disse ter visto tomando sangue de galinha no último Festival Banese de Música, antes da apresentação. Não hesitou. Era mesmo um caso de macumba e só o Melo poderia resolver o problema.
Melo não atendeu ao telefone e a essa altura na Biblioteca, o caso da jornalista esquisita já se transformara num reality show. A turma do Poyesis, do Yázigi, cantinas e biroscas da vizinhança comprou bebidas e petiscos e se acomodou por ali para assistir. Até que uma daquelas figuras cabeçóides, descritas por Gilton Lobo, não achando mais graça da falta de informação sem estar aliada a um strip tease do balacobaco da jornalista, gritou: Ele tá morto, ô anta!
Um silêncio profundo tomou conta da Biblioteca (longa pausa). Então a escandalosa repórter se recompôs, arrumando o cabelo e passando a mão no rosto para se ajeitar. Como se estivesse diante de um espelho, olhou a redor, percebeu que havia platéia, sorriu para a produtora e o curador e disse: Não é uma questão de Vestibular!. Nessa hora todos tiveram a certeza que ela era a Graúna reencarnada. E aproveitando que estava numa Biblioteca, chamou sua equipe e foi se tomar um refrigerante na 13 de julho. Coca-cola é isso aí.
Comentários
Jornalismo também é cultura.
rsrsrsrsrs.
Rapá, que mulher burra do cabrunco!