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Mostrando postagens de julho, 2006

O PM, o trabalhador e a mãe do bandeirinha

Se a máxima “Deus ajuda a quem cedo madruga” fosse de fato veraz, meu amigo Etevaldo Dória já teria ganhado na mega-sena, ainda que sem comprar o bilhete. Acostumado a ficar de pé, todo santo dia, em sincronia com primeiro sussurro do galo da madrugada, “Théo”, como gosta de ser chamado – e ai daquele que escrever seu nome sem o “h” –, sai pra trabalhar quando cerca de 90% das almas brasileiras ainda estão vagando despregadas das carapaças de carne e osso. Mas, como bem antes de decretar a ajuda aos “despertadores humanos” Deus encasquetou com a idéia de que, pelo menos no Brasil, o trabalhador tem de ser pisoteado, torturado, humilhado publicamente, desdenhado, enxovalhado, açoitado, massacrado e etc., num é que Etevaldo e todo o seu labor quase foram parar no xilindró um dia desses? Simplesmente porque um dito sargento da Polícia Militar invocou que o meu amigo – logo ele, que tanto sua pra pagar seus impostos – estava a perturbar a ordem pública e deixar as famílias sergipanas em si

O amor entre o aracajuano e a porta do buzu

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O calvário para todo brasileiro pé-rapado que precisa do transporte coletivo para tocar a vida é praticamente o mesmo em qualquer ponto do país: preço abusivo da tarifa, ônibus superlotados, iminência de assalto e até mesmo os ataques de ovo goro que a molecada arma contra o buzu, sem dó nem piedade (eu mesmo perdi as contas de quantas “bolas brancas” arremessei contra as tantas janelas da minha infância em Alagoinhas, junto ao meu amigo Caatinga, parceiro de planos maquiavélicos e infalíveis). Mas em Aracaju o calvário de um pé-rapado para se locomover tem lá suas peculiaridades. A mais rotineira delas é estranhíssima: o aracajuano adora a porta do meio do ônibus. É uma paixão avassaladora! Uma fixação doentia! Uma adoração sacra! Quem trafega de ônibus pela capital sergipana e ainda não foi acometido por esta atração fatal não deve, portanto, espantar-se ao perceber que, enquanto as pessoas se amontoam em frente à porta do meio do buzu, o fundo do carro permanece vazio. Afinal de con